quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

PÁGINAS DE UM CORAÇÃO

É tão triste a solidão
Neste ermo onde hoje estou,
Te perdi até nos sonhos,
Só a solidão ficou.

Sei que jamais serás minha
Como um dia imaginei,
Tomaste o caminho oposto
Da rota que eu tracei.

Hoje, entre quatro paredes,
Minha vida está parada:
A terra gira, o tempo passa,
Só em mim não muda nada,

Me encontro cada vez mais longe
Do teu sorriso marcante,
O tempo gasta a memória
E embaça o teu semblante.

Quereria parar o tempo
Para o mundo me esperar,
Mas não tenho esse poder,
Tudo vai continuar.

As horas passam sem dó,
Os ponteiros são cruéis,
Um dia ausente de ti
Demora mais do que dez.

Um dia me vi sorrindo
No espelho do teu olhar,
Após ter ouvido um sim
Que disseste sem pensar,

Mas de nada adianta
Quando o coração não fala,
Construção sem alicerce
Até com a brisa se abala.

Não quero fazer juízo
Aos dedos que dedilham a lira,
Mas, quanto mais triste a canção,
Mais o poeta suspira.

Suspiros de um poeta
Vêem de um coração sincero,
Quando eu digo que amo:
Desejo, adoro e quero.

Amo com tanto ardor
Que mal posso me conter,
Digo que amo e preciso
Alguém que nunca vou ter,

Relato em versos rimados
Segredos de sepultura,
Coisas que eu não diria
Nem mesmo sob tortura.
  
Eu não procuro esses versos,
Eles vêem naturalmente,
Não dá pra fugir das coisas
Que moram dentro da gente.

Quando nasce um poeta
Já vem com a dura missão,
De cantar o amor, a dor,
A morte e a solidão...

Não há quem possa explicar
Os sentimentos dos poetas,
Cantam coisas abstratas
Como se fossem concretas.

Quando a lembrança açoita
Com seus cruéis pergaminhos,
O tempo dissipa as flores,
Mas sempre guarda os espinhos.

Folheando o meu coração
Fiz o estudo da dor,
Ao notar que estavam em branco
As páginas do amor.

De um olhar que não tem pranto
Todo o brilho é falsidade,
Até teu sorriso é falso,
Em teu ser só tem maldade.

Um dia foste mulher,
Musa dum sonho doirado,
O mal mudou tua forma,
És hoje um demônio alado.

No teu coração de pedra
O amor não pôde tocar,
Provaste ao rir do meu pranto
Que nunca soubeste amar.

Eu quero pedir perdão,
Por te amar tanto, querida,
Se amar foi o meu erro,
Errei só uma vez na vida.

Escrito em versos rimados
Deixarei teu lindo nome.
O tempo consome a tudo,
Mas ao amor não consome.

Hoje no mundo moderno,
(Era da computação)
Com que ardor eu quereria
Formatar meu coração,

Apagar cada resíduo,
Começar tudo de novo,
Pra me livrar da angústia
E do escárnio desse povo.

Mas aqui encerro triste,
Não tive a dita do amor,
O jardim morre de angústia
Se lhe falta o beija-flor.

Meus passos rumam ao fim,
Nada mais posso fazer,
Talvez eu saiba na morte
O que não soube viver!

Sei que um dia após outro,
Neste sofrer sem altura,
A cada vez estou mais perto
Do meu prêmio: A sepultura.